segunda-feira, 13 de julho de 2015

Quem planta, colhe


Fui convidado para falar na reunião sacramental da Igreja no último domingo (12/07/2015),tendo como tema o discurso "Colher os Frutos da Retidão", do apóstolo Gene R. Cook (disponível na íntegra em http://lds.org/liahona/2015/07/reaping-the-rewards-of-righteousness.head1?lang=por).

Quando recebi o convite, na hora me lembrei das hortas e dos pomares que minha família mantinha lá no Rio Grande do Sul.

No pomar da casa de meu avô tínhamos pés de goiaba, ameixa, laranja, araçá, butiá, bergamota, cidra, abacate, pitanga, morango... Na horta que cultivávamos na casa de meu pai tínhamos feijão, couve, espinafre, alho, abóbora... Eram tantas variedades que eu nem me lembro de todas. 

Nas boas tardes que passei com meu pai capinando e cuidando das plantas, aprendi uma lição importante, que na verdade é uma lei da vida: nós colhemos o que plantamos. Quando comecei a compreender melhor o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, percebi que essa lei também é uma lei eterna.

Em D&C 130:20-21, uma revelação recebida pelo profeta Joseph Smith há mais de 150 anos, lemos que

"Há uma lei, irrevogavelmente decretada no céu antes da fundação deste mundo, na qual todas as bênçãos se baseiam. E quando recebemos uma bênção de Deus, é por obediência à lei na qual ela se baseia."

Poderíamos dizer isso da seguinte maneira: quando colhemos uma bênção de Deus, é por termos plantado a lei na qual ela se baseia. 

A mensagem do Elder Cook, um apóstolo verdadeiro do Senhor Jesus Cristo, cujo link deixei acima, começa com a seguinte declaração: "o mundo está literalmente em comoção". O mundo em que vivemos é um mundo de leis relativas, leis mutáveis, bem diferentes das leis da natureza, certas e imutáveis, que são as leis de Deus. Essa relativização de tudo é o que nos causa ansiedade, angústia e muitos outros males.

O Élder Cook então continua: "Muitos de nossos desafios estão na esfera espiritual. Trata-se de questões sociais que nós como indivíduos não podemos necessariamente resolver."

Achei muito interessante o fato de ele ter descrito questões sociais como desafios espirituais. A princípio, podemos supor que questões sociais sejam pertinentes a esta terra, enquanto os desafios espirituais vinculam-se a planos mais elevados de existência. Porém, como o Élder Cook afirma, eles estão intimamente ligados.

Um exemplo dessas questões sociais de nossa época, que não poderemos resolver, mas para as quais poderemos nos preparar espiritualmente é o aquecimento global. Lemos notícias e relatórios científicos sobre o assunto. O tom é de alarme e as causas apontadas são o aumento das emissões de CO2. Teóricos afirmam que se mudarmos esse ou aquele hábito, conseguiremos barrar e reverter o aquecimento da terra. Em todo lugar vemos campanhas de conscientização, mudanças nas legislações e protestos de artistas e ativistas.

Porém, se esses teóricos e ativistas estudassem as escrituras e acreditassem nelas, saberiam que o aquecimento global foi profetizado há séculos, e que é um prenúncio de um evento muito maior e mais significativo, a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo à terra.

Em D&C 133:26, outra revelação registrada por Joseph Smith, em que o Profeta descreve as condições do mundo nos últimos dias antes do retorno do Salvador, lemos o seguinte:

"E aqueles que estiverem nos países do norte serão lembrados pelo Senhor; e seus profetas ouvirão sua voz e não mais se conterão; e ferirão as pedras e o gelo se derreterá diante deles."

O que é o aquecimento global senão o derretimento do gelo das calotas polares da terra?

Analisando essa questão a partir do ponto de vista das escrituras, podemos encarar o aquecimento global da maneira correta: como um sinal de que o retorno de Cristo está muito próximo. Com essa perspectiva em mente, fica a pergunta: para qual evento vamos nos preparar? Para o aquecimento global, ou para o retorno do Salvador?

A resposta muda drasticamente nossa forma de preparação.

As escrituras estão repletas de outras profecias sobre esta época em que vivemos. Se as lermos com o espírito de revelação, veremos que muitas conquistas sociais da atualidade são, na verdade, sinais de que o retorno de Cristo está muito próximo. Não temos o poder para alterar o fluxo da história, mas precisamos interpretá-lo corretamente.

O Elder Cook continua: "Apesar [dessas questões sociais que não podemos resolver], há recompensas reais que podemos receber individualmente, mesmo numa época em que a retidão está em declínio no mundo inteiro."

Infelizmente, vivemos numa época em que guardar os mandamentos de Deus não é popular, chique ou "top", como se diz por aí. Na verdade, guardar as leis de Deus nunca foi uma ideia de vanguarda em relação aos padrões do mundo. Porém, como esse apóstolo verdadeiro do Senhor Jesus Cristo afirmou, há recompensas reais que podemos receber individualmente pela retidão. Ou seja, quem planta as leis de Deus, colherá a recompensa.

Chama-me a atenção o fato de ele ter usado a palavra individualmente.

Alguns meses atrás, um amigo me questionou por que Deus não se mostra a todos abertamente e mostra qual o caminho correto a ser seguido. Minha resposta foi de que estamos nessa vida para descobrir individualmente o caminho de volta ao nosso Pai Celestial. É uma jornada e uma busca pessoal que nem todos querem empreender. Alguns vêm ao mundo e buscam dinheiro; outros buscam fama; uns buscam sabedoria, outros buscam o ativismo social; uns buscam alcançar um recorde, outros buscam desenvolver um talento. Há até quem não busque nada. E há também aqueles que buscam Deus. É um desejo individual, e cada um encontrará aquilo que buscar.

Para aqueles que buscam Deus neste mundo, o Elder Cook alerta:

"Às vezes, a perspectiva do mundo faz com que nos concentremos em questões [...] que [...] nos desviam de um comprometimento espiritual profundo."

Nesse caso, cabe perguntar-nos honestamente: estamos empreendendo alguma busca pessoal que está nos impedindo de encontrar Deus?

Mais pra frente em sua mensagem, o Elder Cook apresenta três conselhos que, a meu ver, nos ajudam a avaliar se estamos de fato buscando o Senhor. Ele nos ensina a

" 1.  Criar Sião em nosso coração e lar. 
2.  Ser uma luz para as pessoas a nossa volta. 
3.  Concentrar-nos nas ordenanças do templo e nos princípios ali ensinados."

Ele então complementa cada um desses pontos:

"Ao edificar Sião em nosso coração e lar, precisamos enfatizar a diligente prática religiosa no lar, realizando diariamente a oração familiar, o estudo das escrituras e a noite familiar semanal. Nesse ambiente, podemos ensinar e educar nossos filhos. Fazemos isso com amor e bondade, evitando críticas indevidas aos filhos e ao cônjuge."

"Se seguirmos o conselho de sermos uma luz em meio às pessoas que nos rodeiam, não podemos camuflar quem somos. Nossa conduta deve refletir nossos valores e nossas crenças. Quando for adequado, devemos participar de debates públicos."

"Viver de modo a sermos dignos de uma recomendação para o templo, receber as ordenanças do templo e ser leais a nossos convênios são coisas que nos dão o enfoque e a visão para permanecermos no caminho do convênio."

Se quisermos colher as bênçãos de Deus, precisamos plantar essas leis de Deus em nosso coração e cultivá-las diariamente. É preciso adubá-las com o estudo das escrituras que fortalece o testemunho. É preciso regá-las com orações que destilam o orvalho do céu e fomentam a revelação pessoal. É preciso mudá-las de um vaso menor para um maior, ou de uma condição espiritual menor para uma mais elevada. E é preciso podar e tirar de nosso coração as ideias, conceitos e mesmo as leis nas quais acreditamos, mas que são opostas às leis de Deus.

Testifico que essas coisas sobre as quais falei são verdadeiras. Deus existe. Ele é nosso pai. Jesus Cristo é seu primogênito espiritual e seu unigênito na carne. Os sinais de seu retorno estão se cumprindo, e para nos ajudar a seguir seu caminho, o Senhor restaurou sua verdadeira Igreja e chamou apóstolos e profetas para nos orientar e advertir. Se seguirmos os conselhos deles, buscaremos Deus é o encontraremos.

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